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Caos Planejado

As cidades brasileiras são boas para caminhar? Metade dos projetos já priorizam pessoas em vez de veículos


Relatório inédito do Instituto Caminhabilidade apresenta uma análise do panorama da caminhabilidade no Brasil desde a Política Nacional de Mobilidade Urbana, de 2012, com base nas edições de 2021 e 2023 do Prêmio Cidade Caminhável


Estamos no Outubro Urbano, uma iniciativa da ONU Habitat para refletir sobre como as cidades podem ser mais sustentáveis, inclusivas e seguras. Os carros, além de poluírem o ar e consumirem muito combustível, moldaram a infraestrutura urbana, sequestrando espaços, investimentos e impermeabilizando solos. Para criar cidades mais convidativas e menos dependentes de veículos motorizados, precisamos torná-las mais caminháveis.


No Brasil, segundo o relatório inédito Prêmio Cidade Caminhável: Panorama dos Projetos de Caminhabilidade no Brasil de 2012 a 2022, alguns projetos já estão priorizando pessoas ao invés de veículos. Desde a criação da Política Nacional de Mobilidade Urbana, as cidades começaram a realizar projetos focados em caminhabilidade, que aumentaram significativamente a partir de 2018.


Analisando 57 projetos inscritos no Prêmio nas edições de 2021 e 2023, observou-se que, para priorizar o caminhar no espaço urbano, é essencial reduzir a área destinada aos veículos. Em mais de 50% dos projetos, houve redistribuição do espaço viário, acalmamento de tráfego e acessibilização de rotas. Um exemplo notável é o projeto de Requalificação da Avenida Desembargador Moreira em Fortaleza (CE), que transformou duas pistas de tráfego em um amplo calçadão e ciclovia.


A requalificação urbana tem sido a ação predominante nos projetos de caminhabilidade, trazendo mudanças concretas e de longo prazo na vida das pessoas. Os parques urbanos, especialmente os Parques Lineares, têm se destacado como áreas de esporte e lazer, além de integrarem a natureza. Um exemplo é o Parque Linear das Hortas do Dirceu, em Teresina (PI), que renovou 4,5 km de hortas comunitárias.


A caminhabilidade também avança nas periferias. Enquanto 38,6% dos projetos estão em áreas centrais, 31,6% estão em regiões marginalizadas, desafiando a ideia de que a caminhabilidade é exclusiva das áreas centrais. Um exemplo é o Programa de Infraestrutura em Educação e Saneamento de Fortaleza (Proinfra), vencedor do Prêmio em 2023.


No entanto, desafios ainda persistem. Algumas cidades investem em projetos de mobilidade ativa e em infraestruturas para carros, refletindo uma falta de mudança de paradigma. Além disso, não há setores específicos de mobilidade a pé nas prefeituras, e a ausência de incentivos federais força as cidades a se autofinanciar.


Outro obstáculo é diversificar o uso do solo, garantindo proximidade e criando destinos acessíveis a pé. Mais de 80% das pessoas nas cidades brasileiras estão a mais de 15 minutos a pé de escolas e serviços médicos, segundo a pesquisa “Cidades de 15 minutos – caminhar nas cidades brasileiras”. O relatório mostra caminhos para desenvolver cidades centradas nas pessoas e não nos carros, uma decisão urgente para a adaptação das cidades diante da emergência climática que já nos afeta.


Por: Instituto Caminhabilidade

Organização liderada por mulheres, movida pela urgência de alcançar a equidade de gênero e enfrentar a crise climática, desenvolve cidades caminháveis com o protagonismo da cidadania. (instituto@caminhabilidade.org)

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