Porto Alegre ganha posto para carros elétricos com cafeteria e conveniência
- Jornal do Comércio
- 17 de abr.
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A Esquina do Futuro, comando pelo Grupo Farroupilha, contará com duas estações de carregamento rápido e com a primeira Alegrow Cafeteria
Começou a operar, nesta quarta-feira (16), em Porto Alegre, a Esquina do Futuro, terrário urbano voltado à expansão da mobilidade elétrica e à promoção da sustentabilidade, criado pelo Grupo Farroupilha. O projeto pretende unir serviço de eletroposto com recarga rápida para carros elétricos, área de conveniência com cafeteria e espaço voltado para exposição de novidades tecnológicas e sustentáveis. A intenção do grupo é expandir a iniciativa levando às rodovias do Chuí a Torres 50 pontos de recarga.
O espaço, que é o primeiro terrário urbano a implementar o serviço de eletroposto, possibilitará que os clientes carreguem seus veículos com recarga rápida de 1 hora ou ultrarrápida, em 15 minutos, atingindo até 80% da carga - porcentagem que não compromete o desempenho e a vida útil da bateria. De acordo com Eduardo Costa, CEO do Grupo Farroupilha, a ideia do empreendimento nasceu a partir da rede de conveniências Alegrow, outra iniciativa do grupo.
“O que antecede a Esquina do Futuro é uma loja de conveniência que criei há mais ou menos três anos. A ideia do empreendimento era ocupar espaços públicos dentro dessa proposta sustentável”, explica Eduardo, afirmando que a Alegrow se tornou a primeira loja de conveniência a ter a certificação ESG no País. “Acabei me tornando um dos 12 conselheiros do Green Building no Brasil, que é a maior certificação de construção sustentável do mundo. Na sequência, tive uma ideia que se chamava Esquina do Futuro”, conta o CEO.
O eletroposto contará com duas estações de carregamento rápido, mas, conforme a demanda da região, há possibilidade de aumentar o número até quatro estações. Além da Alegrow Café, o local terá uma área de descanso para os clientes e um espaço intitulado Lançamento do Futuro, onde marcas poderão expor novidades voltadas à tecnologia alinhada à sustentabilidade. “São produtos que são pré-lançamento. A ideia desse espaço é que, enquanto o cliente estiver carregando o carro, presenciasse no seu cotidiano um pouco do futuro. Ele vai poder testar um relógio novo, por exemplo”, explica Eduardo. Todo terrário foi projetado dentro de uma proposta sustentável, entre os destaques das ações estão o plantio de flora nativa rio-grandense, reaproveitamento de água da chuva, tratamento de resíduos, telhado verde e piso drenante.
Eduardo destaca as novidades na marca Alegrow, que, através de uma parceria com a Nescafé e a rede Chocólatras, ampliou seu cardápio focado no serviço de cafeteria. No espaço, além de variados cafés, os clientes encontrarão à disposição produtos de confeitaria, como tortas e doces. “Será a primeira Alegrow by Nescafé”, anuncia.
O CEO conta que a Esquina do Futuro nasceu da necessidade de oferecer uma infraestrutura compatível com os desafios da eletrificação veicular. O maior obstáculo, conforme Eduardo, é a questão da infraestrutura elétrica. “Sem dúvida, esse é o nosso maior desafio. Ela pode ser determinante para a viabilidade do ponto, tanto do ponto de vista técnico quanto financeiro”, afirma.
Esta é a primeira fase de um projeto que terá o investimento superior a R$ 10 milhões. A ideia é que através da união de outras marcas, a iniciativa se espalhe por mais pontos em todo o Estado. De acordo com o Grupo Farroupilha, a proposta não é só revolucionar o mercado brasileiro de transportes, mas impactar positivamente na mobilidade elétrica em áreas urbanas e em estradas que conectam o Rio Grande do Sul, solucionando um problema existente na infraestrutura de recarga tanto em cidades como nas rodovias.
Além da inauguração da unidade matriz da Esquina do Futuro, na avenida Nilo Peçanha, nº 2626, serão inaugurados mais quatro pontos em postos de combustíveis na Capital - na avenida Silva Só, avenida Edgar Pires de Castro e avenida José de Alencar - e na esquina da Santos Ferreira com a Confidência, em Canoas.
A tecnologia dos carregadores utilizados na rede também é um diferencial. Eduardo explica que todos os pontos terão recarga rápida ou ultrarrápida, com corrente contínua. “Eles carregam carros 100% elétricos em 15 a 30 minutos, muito diferente daquele carregador portátil residencial, que pode demorar até 12 horas”, diz.
Desafios na implementação de novas tecnologias
Ao falar da sua experiência pessoal, Eduardo lembra o período em que morou na Califórnia, entre 2014 e 2018, e viu de perto o crescimento da Tesla. “Eles quase quebraram, até entenderem que não bastava vender o carro com um carregador de parede. Foi quando criaram pontos de carga rápida em trajetos, clássicos como Los Angeles a Las Vegas, o que deu segurança ao consumidor e fez as vendas decolarem", conta.
No Brasil, segundo ele, a situação é ainda mais desafiadora. Muitos condomínios têm proibido a instalação de carregadores por limitações na infraestrutura elétrica dos prédios. “Tem gente ganhando carregador ao comprar o carro, mas não consegue instalar no prédio. Isso reforça a importância de uma rede pública acessível e confiável”, afirma.
Diante disso, o grupo lançou uma campanha em parceria com a IESA para garantir ao cliente de carros elétricos que haverá pontos de recarga rápida disponíveis. “A gente quer provocar o setor, mostrar para as montadoras e revendas que existe sim uma rede que dá suporte. O consumidor pode comprar seu carro elétrico sem medo”, constata.
A precificação, segundo Eduardo, será feita por quilowatt-hora consumido, com valores bastante acessíveis. “Uma carga completa do carro mais vendido da categoria custa em média R$ 60,00 e permite rodar 400 quilômetros. Em comparação com um tanque de gasolina, que sairia por pelo menos R$ 300,00, é menos de um terço do custo”, explica o CEO.
Eduardo acredita que a popularização dos elétricos no Brasil passará pelas classes média e média-baixa. “Em cinco anos, o que se gasta com manutenção e combustível em um carro convencional paga quase dois carros”, comenta Eduardo, afirmando que o elétrico vai deixar de ser um passivo, como o carro a combustão, e virar um ativo.
Po: Julia Fernandes