Seis tendências prometem mover os destinos do varejo farmacêutico nos próximos anos. Os insights partiram dos consultores especializados Alberto Serrentino e Eduardo Terra, sócios da BTR-Varese e que organizaram uma espécie de aterrissagem da NRF 2024.
A maior e mais influente conferência do varejo mundial mobilizou mais de 1 mil expositores e 40 mil profissionais entre os dias 14 e 16 de janeiro, em Nova York (EUA).
“Nem tudo o que passa pela NRF chega ao varejo brasileiro, mas tudo o que chegou no varejo brasileiro até hoje obrigatoriamente passou pela NRF. E naturalmente isso traz um desafio de saber filtrar aquilo que de fato conecta ou não com os desafios e realidades do varejo brasileiro”, ressalta Terra.
Seis tendências para nortear o varejo farmacêutico
1 – A resiliência do varejo
Nos últimos cinco anos, o varejo farmacêutico vivenciou fortes emoções com a pandemia, a aceleração do e-commerce e instabilidades políticas. “O setor cresce mais do que o PIB no mundo e, mesmo com o advento da digitalização, as lojas físicas seguem em evidência, com mais aberturas do que fechamentos.
2 – Explosão da inteligência artificial (IA)
No Brasil, os gastos com IA vão superar US$ 1 bilhão neste ano, alta de 33%, de acordo com a consultoria IDC. Levantamento da KPMG revela que 72% dos CEOs consideram que o investimento nesse recurso é prioritário, mas 84% dos varejistas no Brasil ainda não o utilizam.
Aplicações da IA no varejo
Precificação
Crédito e cobrança
Expansão
Compras e estoque
Atendimento ao cliente
Sortimento
Alocação de equipes
Promoções e CRM
Mídia
3 – Varejo hiper automatizado
A grande presença de robôs nos estandes da NRF 2024 comprovam que as atividades muito operacionais e mecânicas não estão mais sendo realizadas por pessoas nos Estados Unidos. Robôs, bots, câmeras, processos automatizados e drones fundamentam essa operação. Uma pesquisa da Universidade de Oxford prevê que, em dez anos, 47% do total de empregos será transferido aos robôs. Até 2025 a automação eliminará 85 milhões de empregos e criará outros 92 milhões.
Aplicações de robôs no varejo
Picking
Armazenagem
Reposição
Controle do planograma
Concierge
Segurança
Limpeza
4 – Varejo orientado por conteúdo e retail media
As lojas físicas estão se transformando em um espaço de produção e transmissão de conteúdo. Aquilo que hoje transita por conteúdo, entretenimento e varejo passa a ficar tudo meio misturado, uma vez que as plataformas de mídia estão virando plataformas de comércio e os marketplaces estão se tornando empresas de mídia.
“O varejo farmacêutico terá que fazer a grande virada de chave cultural e organizacional, que é sair de um negócio orientado a produto e operações para uma atividade focada em dados. O principal ativo passou a ser a capacidade de atrair, reter, engajar e capturar valor dos clientes em dimensão superior àquilo que custa para trazê-los e mantê-los”, ressalta Serrentino.
5 – Loja hub
A loja física como um hub de serviços e experiências vem se posicionando como um elemento fundamental de entendimento da jornada dos clientes. Mas segundo Serrentino, o grande problema é que não existem KPIs e dados para mensurar o quanto cada PDV contribui para esse engajamento.
“Existem muitos casos de varejistas que fecham uma loja física por conta de baixo resultado e veem as vendas online caírem naquela região. Decisões pautadas somente por indicadores econômicos e operacionais, sem considerar os shoppers, podem parecer racionais à primeira vista, mas impactam negativamente no médio e longo prazo”, ressalta.
6 – Liderança para três dimensões
“Visualizamos três agendas muito estratégicas e muito determinantes naquilo que pode impactar o negócio a médio e longo prazo. A primeira delas é a continuação nessa agenda de transformação e digitalização, que viveu um surto durante a pandemia, e mudou de foco na pós-pandemia. Ela deixou de ser voltada para cliente para ser uma agenda mais para interna, de otimização, de capturar valor naquilo que é core nos processos de varejo potencializados pela IA”, explica Serrentino
Por: Ana Claudia Nagao